segunda-feira, maio 13, 2024
Planejamento Financeiro

A psicologia financeira – Morgan Housel Parte 1

Estamos diante de um futuro clássico de finanças. O livro A psicologia financeira, do autor Morgan Housel, foi lançado em 2020, mas já fez tanto sucesso que eu acredito que ele se tronará um dos livros mais importantes sobre o assunto. O livro explora o comportamento dos investidores em 20 capítulos curtos e bem gostosos de ler. É um livro fácil e ao mesmo tempo profundo. Se você pretende investir em renda variável, ou já investe, eu diria que ele é essencial. Se você é mais conservador, vale a pena também. Ele é repleto de histórias boas e que vão te fazer refletir. Indico, com certeza.

E agora eu eu vou fazer aqui um resumo do livro A psicologia Financeira, mas isso não é nem de perto a experiência que você vai ter ao ler ele completo. E se você gostar, a parte 2 está aqui…

1 – Ninguém é maluco

Você acredita que o seu modo de pensar é igual ao de alguém que nasceu na cidade de Nova York ou então em uma tribo no Quirguistão? 

É claro que não. 

Se o nosso modo de pensar e nossas experiências não são iguais, mesmo morando na mesma casa, imagine em situações totalmente diferentes. Isso vai influenciar o modo como você trata o seu dinheiro. Você teve experiências com relação ao dinheiro que eu não tive e vice-versa. Nossas experiências correspondem a muito menos de 0,1% do que acontece no mundo, mas elas terão influência de cerca de 80% na forma de enxergarmos como o mundo funciona.

Nós tomamos decisões muito diferentes com relação ao dinheiro e  também julgamos aqueles que fazem diferente de nós. Mas na real ninguém é maluco e toma decisões que podem ser prejudiciais porque estão cientes disso. Estão apenas ancorados em experiências que moldaram a sua visão.

Portanto, se você tem problemas financeiros não se sinta um maluco. Tome consciência disso e expanda as suas experiências a sua área de conhecimento. Ampliando a sua visão de mundo o seu comportamento também pode mudar. 

2 – Sorte e Risco

“Nada é tão bom e nem tão ruim quanto parece.”

Você já ouviu a expressão um em um milhão? Essa expressão pode descrever tanto a sorte de Bill Gates quanto o Risco (azar) de seu amigo de ensino médio, Kent Evans. 

Na época em que Gates cursava o ensino médio ele teve a sorte de estudar na Lakeside School, em Seattle. Essa escola tinha um computador à disposição dos seus 300 alunos. Segundo a ONU, naquela época, haviam aproximadamente 303 milhões de pessoas em idade escolar. Bill Gates foi literalmente um em um milhão com acesso a um computador e isso fez com que ele desenvolvesse suas habilidades de programação e acabasse fundando a Microsoft.

Na mesma escola estudava um dos amigos de Gates, Kent Evans. Ele também foi exposto a estatística de um em um milhão, mas do lado oposto da sorte, o risco. Kent era tão bom quanto o amigo quando se tratava de programação, mas ele não chegou a experimentar o sucesso pois acabou falecendo, ainda no ensino médio, quando praticava montanhismo.

E sabe o que isso significa? Nem o próprio autor do livro conseguiu chegar a uma conclusão. 

É óbvio que Bill Gates é extremamente capacitado e merece todo o seu sucesso. Não é possível creditar tudo a sorte, pois além dele e de Paul Allen, seu colega de escola e também sócio da Microsoft, os outros alunos da Lakeside School não aproveitaram o computador disponível para construir impérios. 

Mas se Bill Gates tivesse estudado em outra escola que não tivesse um computador, talvez até na mesma cidade, será que a história seria a mesma? 

O que fica de reflexão é o seguinte: esteja preparado tanto para a sorte quanto para o risco. Se o primeiro te encontrar, aproveite a oportunidade. Se por acaso der de cara com o segundo, não deixe que ele te tire do jogo.

3 – Nada é o suficiente

A coisa mais difícil a fazer quando você lida com dinheiro é parar de reajustar as metas para cima o tempo todo.

Esse capítulo tem uma das frases que eu mais gostei nesse livro: A vida não é nada divertida sem um senso de suficiência.

E isso não quer dizer que você vai ficar acomodado, mas sim que você reconhece o valor daquilo que você tem.

Eu já falei aqui sobre Bernie Madoff e Rajat Gupta. Os dois trabalhavam no mercado financeiro, já tinham conquistado 100 milhões de dólares, mas não tinham o freio do suficiente. Os dois se meteram em operações criminosas para fazer mais dinheiro. Acabaram sendo presos e jogaram no lixo a reputação que construíram ao longo da vida. 

Um dos motivos dessa busca sempre por mais é a comparação social. Você até podia se sentir bem com o seu carro, a sua roupa, o seu salário, até descobrir que o seu vizinho, amigo ou colega tem algo melhor, maior ou mais caro que. 

Se você entrar nesse ciclo de comparação vai achar sempre alguém com mais que você e a única forma de não colocar tudo a perder é aceitar as suas necessidades e o que te satisfaz, mesmo que seja menos que os outros. 

4 – Compostos e confusos

A habilidade de Warren Buffet, um dos homens mais ricos do mundo,é saber investir, mas o seu segredo é o tempo. Quando tinha 65 anos Warren Buffet acumulava um patrimônio de $ 3 bilhões. Hoje aos 92 anos a sua fortuna estimada é de $ 101 bilhões.

O que os juros compostos fazem com o nosso dinheiro parece bom demais pra ser verdade. Ao invés de continuar duvidando, a coisa mais sábia a se fazer é começar agora, mesmo com pouco. 

Se você acha que R$ 50 investidos hoje não vão fazer diferença , pode se surpreender quando eu disser que esses R$ 50 valerão, R$ 129,68 em 10 anos, R$ 336,37 em 20 anos, R$ 872,47 em 30 anos, R$ 2.262,96 em 40 anos e R$ 5.869,54 em 50 anos.

Entendeu o poder do tempo nos seus investimentos? E isso que eu considerei um único aporte. Já pensou o que a constância e a persistência vão fazer por você?  

5 – Ficar rico versus continuar rico

“Um bom investimento não tem a ver necessariamente com tomar boas decisões, mas sim, com ser consistente em não errar.”

Jesse Livermore era um investidor de Nova York que numa operação a descoberto acabou ganhando $ 3 bilhões com a quebra da Bolsa de Nova York. É difícil imaginar essa quantia nos dias de hoje e é ainda mais distante pensar nela em 1929. 

Ele se tornou um dos homens mais ricos da época, mas assim como Bernie Madoff e Rajat Gupta ele não tinha o senso de suficiência. Não entrou em nada que fosse ilegal, mas achou que o seu golpe de sorte duraria para sempre. Com a confiança nas alturas ele começou a apostar cada vez mais alto nas suas posições. Perdeu tudo o que tinha e ainda contraiu dívidas. Em 1933, apenas 4 anos depois de ficar bilionário, Jesse Livermore acabou tirando a própria vida.

Esse não é um caso isolado, muitos investidores perdem muito dinheiro em crises. Alguns perdem todo o patrimônio que tinham e acabam ainda devendo muito mais por estarem alavancados. 

Eles até podem ser muito bons em ganhar dinheiro, mas não têm a mesma habilidade em mantê-lo. 

Para manter o dinheiro é preciso ser humilde e perceber que uma parte dessa quantia pode mesmo ter sido atribuída à sorte e que não devem contar com ela para repetir o feito.

Por isso é muito importante aplicar a mentalidade de sobrevivência. Perdas sempre vão existir no mundo dos investimentos, mas você precisa ter certeza de que mesmo com essas perdas você se manterá no jogo.   

“Uma personalidade bem-calibrada – otimista quanto ao futuro, mas desconfiada em relação ao que pode impedir esse futuro de chegar – é vital.

a psicologia financeira

6 – Devagar e Sempre

“Você pode estar errado na metade das vezes, e, ainda assim, ficar milionário.”

Você já ouviu a história de Walt Disney? Ele chegou a morar na rua e já tinha produzido mais de quatrocentos desenhos animados até que A Branca de Neve e os Sete Anões fizeram o jogo virar pra ele. Isso quer dizer que você pode errar diversas vezes e mesmo assim pode conseguir o sucesso, se você acertar em algo que faça com que todos os erros sejam anulados.

Quando falamos em dinheiro podemos relacionar isso com a diversificação e com a constância. Quem é que sabe com certeza qual a melhor empresa para investir pelos próximos 10 anos? Ninguém. E quem é que sempre acerta o momento de comprar um ativo quando ele chega no menor valor dos últimos tempos? Ninguém de novo.

Você não precisa perder todo  o seu tempo buscando A melhor empresa ou O melhor momento. Você precisa ter uma certa diversificação e também se manter investindo sempre. Assim a sua história pode ser como a de Walt Disney. Você pode ter feito diversos investimentos ruins ou medianos ao longo do tempo, mas se alguns deles derem certo pode ser o suficente para mudar a sua vida.

7 – Liberdade

“Ter controle do próprio tempo é o maior dividendo que o dinheiro pode pagar.”

Você já fez as contas de quanto tempo você precisa trabalhar para comprar as coisas que quer? Aposto que não. E também aposto que você nem sequer reflete se está comprando aquilo porque realmente quer, ou se foi levado pelo canto da sereia, pelo efeito manada. 

Se a gente soubesse exatamente quanto tempo de trabalho é necessário para adquirir bens que ficam jogados nas gavetas eu aposto que pensaríamos duas ou três vezes antes de comprar algo.

Quantas vezes você já se perguntou porque ainda atura o seu emprego ruim e depois lembrou de todos os boletos que tinha pra pagar? Você troca o seu tempo por dinheiro e precisa entender que o dinheiro também pode te comprar tempo, ou pelo menos te deixar decidir o que fará com ele.

O psicólogo Angus Campbell fez uma pesquisa para descobrir o que deixava as pessoas felizes e com a sensação de bem estar e a resposta foi simples: ter o controle da própria vida. Isso só acontece quando você tem dinheiro para fazer o que quiser, com quem quiser e onde quiser.  

8 – O paradoxo do dono do carro

Se você já pensou em ter uma casa luxuosa, uma ferrari, joias caras e roupas de marca para despertar nos outros o sentimento de admiração e respeito, preste bem a atenção nessa reflexão. Ninguém liga para você pelas coisas que você tem, a não ser você mesmo.

Morgan descobriu isso depois que foi manobrista de um hotel. Ele pensava em ter um carro de luxo porque achava que assim os outros o veriam como bem-sucedido, que pensariam que ele era o cara. Na real não era isso que acontecia! Ele babava pelos carros e nem sequer prestava atenção em quem os dirigia.  

Então se você busca ter muitas posses porque assim vão te respeitar, cuidado. Você pode sim desejar ter coisas boas, mas pelo simples motivo de gostar daquilo. Se a sua intenção é fazer moral com os outros, pode saber que não vai funcionar.

9 – Fortuna é aquilo que você não vê

“Gastar dinheiro para mostrar às pessoas quanto dinheiro você tem é a forma mais rápida de ter menos dinheiro.”

Riqueza x Fortuna. Eu nunca tinha pensado em diferenciar essas duas palavras, mas Morgan traz alguns conceitos no livro que fazem muito sentido. Se você ganha um bom dinheiro para conseguir manter as suas despesas mensais, mesmo aquelas que são de luxo, você é rico. Mesmo assim, isso não quer dizer que você tenha uma Fortuna. Fortuna é aquilo que a gente não vê, é o oposto da ostentação. É o dinheiro investido que te gera mais dinheiro. 

 A única coisa que você sabe sobre uma pessoa que tem um carro de R$ 100 mil é que ela tem menos R$ 100 mil nos investimentos ou então uma dívida de R$ 100 mil.

A gente tende a imaginar que pessoas com muitas posses são as que têm mais dinheiro, mas isso nem sempre é verdade. Às vezes o que essas pessoas tem é apenas uma casa enorme e muitas parcelas pra quitar.

10 – Guarde dinheiro

Um capítulo todo dedicado a te convencer a guardar dinheiro. Se você ainda não entrou pra esse time que percebeu a importância de ter dinheiro disponível para usar quando você precisar, realmente precisa ler esse livro.

Todo mundo sabe as coisas materiais que o dinheiro pode comprar, mas muita gente esquece das coisas intangíveis, invisíveis, que também podem ser conseguidas com dinheiro.

Ter dinheiro suficiente pode ser a diferença entre você aceitar ser humilhado pelo seu chefe e pedir demissão para buscar um emprego melhor. Também é ter a certeza de que você pode pagar uma viagem de férias para conhecer um lugar que você sonhava conhecer. Ou então ter a tranquilidade de poder pagar por uma consulta médica ou por uma cirurgia caso o seu plano de saúde não tenha esse tipo de cobertura.

Percebe como o benefício do dinheiro vai muito além do que comprar a última versão do celular que você gosta?

E aí, me conta se você já conhecia o livro A psicologia financeira? Me conta aqui nos comentários o que você achou.

Um abraço e até logo!

Bruna Odppes

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *