quarta-feira, outubro 9, 2024
Planejamento Financeiro

5 passos para começar a investir (simples, fácil e não precisa ser rico)

O fim do ano está chegando e com isso muita gente começa a fazer metas para o ano novo. Esse post não é pra te ajudar nas metas e sim pra te dar um empurrãozinho pra que você comece o ano já como um investidor. Porque esperar 2023 se você pode começar agora mesmo? Vou te contar os 5 passos para começar a investir já. Aceita esse desafio?

A primeira coisa que eu preciso te fazer entender é que você não precisa ser rico para investir. Não tem o menor cabimento esse pensamento, mas muita gente ainda pensa assim. É como se eu te dissesse que só vou começar a fazer dieta depois de perder 10 quilos. Percebe como a ordem está invertida? É lógico que o mais certo a se fazer é começar a dieta para buscar o objetivo de perder quilos e não querer que o contrário aconteça. Com os investimentos é a mesma coisa. Eu só vou começar a investir quando tiver mais dinheiro. Bééééééé!!! Resposta errada. A ordem é inversa: você vai ter mais dinheiro quando começar a investir. Coloque isso na sua cabeça.

Entenda o que é investir

Antes de começar a te contar os 5 passos para começar a investir eu só preciso deixar bem claro mais uma coisa: o que é investimento. A gente costuma chamar de investimento todo aquele dinheiro que a gente guarda, seja nos bancos ou nas corretoras, e que nos dá algum retorno.

O investimento que eu quero te incentivar a fazer é o investimento do desapego. Aquele investimento que você vai fazer e que vai esquecer. É como se o dinheiro não fosse mais seu. Ele é do seu eu do futuro e tenha certeza que essa pessoa lá do futuro irá te agradecer imensamente caso você se mexa agora e comece a investir, por menor que sejam os seus aportes iniciais.

Eu sei que você também quer ter coisas legais agora, afinal como dizem por aí: a vida não é só pagar boletos. Não é mesmo, e a gente precisa satisfazer as nossas vontades de vez em quando, mas elas precisam estar alinhadas com a nossa realidade financeira e sempre é bom se planejar pra isso. O dinheiro que a gente guarda pra esse tipo de objetivo, de curto prazo,  eu chamo de acumulação e não se refere ao investimento que eu vou falar hoje. Aprenda a distinguir essas duas coisas.

Recados dados e investimento esclarecido, vamos aos…

5 passos para começar a investir

1 – Decisão

Pode parecer que isso é algo simples, mas a gente não conquista nada na vida antes de ter decidido fazer alguma coisa. A decisão é o ponto de partida. Você já deve ter escutado em vários lugares que é importante pensar no seu futuro e investir, mas se você está nesse post agora, provavelmente ainda está em dúvidas se isso realmente é necessário.

Eu acredito que uma parte dessa indecisão e inércia se deve ao fato de existir o INSS. Quem trabalha com carteira assinada é obrigado a contribuir com o INSS e fica com a falsa impressão de que seu futuro está garantido. Será mesmo?

A gente aprende na escola a ler a chamada pirâmide demográfica e se você puxar um pouquinho mais na sua lembrança vai ver que muitos países da Europa já estavam sofrendo de uma inversão dessa pirâmide. Cada vez menos jovens e uma população mais envelhecida.

Eu não sei se já te contaram, mas a previdência social aqui no Brasil é do tipo repartição simples, que eu gosto de chamar de cobertor curto. Isso significa que os contribuintes de hoje estão pagando o benefício dos aposentados. Puxa de um lado, descobre de outro.

Se a população está ficando cada vez mais velha, quem vai pagar o nosso benefício no futuro? A conta não vai fechar, ou então o valor que você vai receber será muito menor do que você imagina.

Tá vendo por que você precisa decidir agora?

2 Hábito

Você já deu o primeiro passo e decidiu que vai começar a investir. E agora? O passo seguinte é partir para a ação. Você precisa separar uma parte da sua renda mensal e investir, não importa o que aconteça. Nesse primeiro momento você não precisa se preocupar em saber qual é o melhor investimento, a ideia é se colocar em movimento e entender que investir é algo que você precisa fazer para sempre. Comece a criar o hábito.

O hábito se constrói com pequenos passos e muita repetição.

Não sabe quanto investir? Comece com R$ 10, R$ 50, R$ 100, aquilo que for possível. Não sabe onde colocar o dinheiro? Vale até colocar na poupança no começo, isso é parte do aprendizado. O importante é que você torne o ato de investir algo automático, que o seu cérebro não precise mais pensar pra fazer e com isso não gere nenhum desgaste.

Tudo que a gente faz pela primeira vez requer uma grande energia e nosso cérebro é preguiçoso. Ele vai tentar te desviar do caminho, mas toda as vezes que você repetir essa ação vai ficando mais fácil. Lembre de quando você pegou o celular na mão pela primeira vez. Você não tinha a menor ideia de onde encontrar cada coisa e se batia até pra digitar qualquer frase. Hoje o seu celular é quase uma extensão da sua mão, não é? Você nem precisa mais pensar para usá-lo.

Tornando o investimento um hábito, além de não precisar pensar muito para fazer isso todos os meses, você também não vai mais ter a sensação de que é um dinheiro que poderia gastar com outra coisa. Você já estará acostumado a viver o mês todo apenas com o que sobra. E aqui eu tenho que enfatizar essa frase. Você precisa viver com o que sobra, porque o investimento deve ser a sua prioridade quando recebe o seu rendimento. Pague você primeiro! Depois você se vira com o que sobrar.

3 Reserva de Emergência

Lembra que eu falei que você pode começar até com a poupança para adquirir o hábito de investir? Isso é uma verdade, mas você não deve se acomodar e deixar o seu dinheiro lá por muito tempo. Apesar de ser um investimento muito conhecido, a poupança não é uma opção rentável e nem a mais segura de todas, portanto o custo benefício não é dos melhores.

Se a poupança não é a melhor opção, então qual é? Depende muito do seu perfil e dos seus objetivos, mas antes de se aventurar por todos os produtos disponíveis, o primeiro investimento de qualquer pessoa deve ser a Reserva de Emergência, que eu carinhosamente chamo de Reserva da Tranquilidade. De que adianta alguém querer retornos altos se nem garante as suas necessidades básicas? É por isso que você sempre deve começar com a Reserva da Tranquilidade (ou de emergência, chame como quiser).

E o que é essa reserva? Eu já falei bastante dela nesse post aqui – Reserva de Emergência, você tem a sua? – , mas simplificando ela é uma quantia de dinheiro necessária para atravessar momentos turbulentos com o mínimo de paz. Muita gente deve ter sentido na pele a dor de não ter uma reserva no momento de pandemia do corona vírus.

Se você perdesse o seu emprego hoje, quanto tempo você conseguiria se manter apenas usando o dinheiro das suas economias? 1 ano? 6 meses? 1 mês? Ou além de não ter nada ainda teria contas a pagar? Esse tipo de situação já é desagradável e caso você não tenha o mínimo de segurança financeira as coisas podem ficar ainda piores.

E a gente não precisa pensar apenas em perder o emprego, existem vários imprevistos que podem acontecer. Você pode bater o carro e precisar pagar o conserto. Um vento pode destelhar a sua casa e você vai precisar consertar. Você pode ter alguma emergência médica que o seu plano de saúde não cobre. As situações são diversas e obviamente ninguém quer passar por isso, então ter um dinheiro que possa te deixar tranquilo nesses casos é muito importante.

A sua Reserva da Tranquilidade pode ter o tamanho que você quiser, mas eu gosto de ter pelo menos o equivalente a 6 meses dos meus custos mensais. Esse é um tempo suficiente pra cobrir gastos inesperados e para arrumar a vida, caso algo tenha dado errado.

E o que é muito importante nesse tipo de investimento é a liquidez e a segurança. Se imprevistos não tem hora para acontecer você não pode investir em um produto que tenha carência de resgate ou no qual você corra o risco de perder dinheiro. Uma opção é analisar CDBs de bancos seguros e que paguem pelo menos 100% do CDI.

4 Estudo

Nesse ponto do caminho você já decidiu investir, já criou o hábito e está montando a sua Reserva de Emergência. Parabéns, muita gente já desiste logo no começo! Agora é hora de começar a aprender um pouco mais sobre investimentos para fazer com que a sua carteira tenha diversificação.

É comum iniciar nos investimentos com Renda Fixa, principalmente com os títulos pós fixados, que são atrelados a algum índice, mas o mundo dos investimentos vai muito além disso. Na Renda Fixa mesmo existem diversas opções, onde você pode inclusive perder dinheiro caso entre no momento errado.

Também existe a Renda Variável, que pode ser o terror de muita gente que não aguenta o sobe e desce da bolsa de valores, mas que pode te oferecer um rendimento muito bom no Longo Prazo. É preciso conhecer e testar as opções disponíveis para ir montando esse quebra cabeça de muitas peças.

Você não precisa se tornar um expert no assunto, mas precisa saber o mínimo, até para poder identificar o que é uma furada e o que pode te dar bons rendimentos.

 5 Estratégia

A estratégia é o último dos 5 passos pra começar a investir, mas nem por isso ela deixa de ser importante. Ter uma estratégia bem definida vai te poupar tempo na hora de investir e também vai evitar que você faça besteiras com o seu dinheiro.

Uma estratégia é um plano do que fazer com o dinheiro todos os meses. Eu gosto de ter uma estratégia com percentuais a serem seguidos em cada tipo de investimento. Uma parte do dinheiro vai para Renda Fixa, uma parte para Ações e Fundos de Investimento, uma parte para ativos no exterior ou outro tipo de investimento que você ache válido.

Eu deixei a estratégia por último porque, para montar a sua, você vai precisar de conhecimento, para saber o que faz mais sentido manter na sua carteira. A sua estratégia não precisa ser fixa, mas também não deve mudar a cada mês. Você precisa de um tempo para observar se os percentuais que você determinou fazem sentido.

Hoje, por exemplo, pode ser que sua estratégia (mesmo que inconsciente) seja deixar 100% do seu dinheiro na poupança. Talvez depois de ler esse texto você mude para 80% na poupança e 20% em CDBs, para ter ideia de como funciona e como esse investimento se comporta. Depois de algum tempo você pode abandonar de vez a poupança e deixar 95% do seu dinheiro em CDBs e 5% em LCA ou LCI. A sua carteira vai evoluindo à medida que você vai evoluindo como investidor.

A vantagem de detalhar a sua estratégia é não precisar repensar toda a sua carteira a cada aporte. Você pode fazer uma análise a cada ano, a cada semestre ou trimestre, e verificar o que está dando certo e o que pode melhorar. Seguir uma receita de bolo é muito mais fácil do que ter que inventar uma nova a cada dia, não acha?


Esses são os primeiros passos para investir, mas saiba que não existe ponto final. É um constante aprendizado, cheio de erros e acertos.

Se você já começou a investir me conta aqui em qual fase de investidor você está? Já tem a sua estratégia montada? Ainda está construindo a sua reserva?

E se ficou com alguma dúvida é só colocar aqui nos comentários. Eu vou adorar te ajudar.

Um abraço e até logo!

Bruna Odppes

Livraria

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